Mounjaro: o que você não sabe e quase ninguém está falando
- Dra Mariana Fidalgo Paretsis
- há 2 horas
- 2 min de leitura
Nos últimos meses, uma nova medicação tem sido destaque nas redes sociais e nos noticiários de saúde: o Mounjaro. Com previsão de chegada ao Brasil em junho de 2025, essa novidade tem gerado grandes expectativas, especialmente no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM tipo 2).
Embora a maioria das manchetes esteja voltada para seu impacto impressionante na perda de peso, poucos falam sobre os benefícios diretos no controle da glicose, que são, na verdade, tão impactantes quanto a perda de peso e também um dos seus principais objetivos clínicos.
O que é o Mounjaro?
O Mounjaro é o nome comercial da tirzepatida, um medicamento injetável aprovado pela ANVISA em 2023 para o tratamento do DM tipo 2. Seu uso no tratamento da obesidade ainda aguarda aprovação no Brasil, embora já esteja liberado para essa finalidade em outros países, como os Estados Unidos.
A grande inovação da tirzepatida é o seu mecanismo de ação duplo. Ela age sobre dois receptores importantes no organismo: o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Ambos são chamados de incretinas, peptídeos liberados pelo intestino após a ingestão de alimentos e que ajudam a regular a produção de insulina, a controlar o apetite e a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis.
A tirzepatida age de maneira sinérgica, ou seja, potencializa os efeitos dessas duas incretinas:
GIP: aumenta a liberação de insulina quando a glicose no sangue está elevada e também age aumentando o glucagon quando o corpo precisa de mais açúcar, como em jejum ou hipoglicemia.
GLP-1: já bastante conhecido em outros medicamentos como o Ozempic e o Wegovy, reduz o apetite, retarda o esvaziamento do estômago, diminui a produção de glucagon e aumenta a liberação de insulina.
Esse duplo estímulo pode explicar por que a tirzepatida tem se mostrado tão eficaz, tanto no controle do DM tipo 2 quanto na redução do peso corporal. Um dos estudos mais importantes com a tirzepatida foi o SURPASS-2, que comparou a nova medicação com a semaglutida (comercializada com o nome de Ozempic e o Wegovy).
No estudo, a semaglutida foi administrada na dose de 1mg e comparada com três doses diferentes da tirzepatida (5mg, 10mg e 15mg). O resultado do estudo demonstrou que a tirzepatida foi mais eficaz em reduzir a glicose em todas as doses testadas , cerca de 86% a 92% dos pacientes atingiram o controle glicêmico ideal (hemoglobina glicada <7%) e mais da metade dos pacientes (51%) atingiram uma hemoglobina glicada abaixo de 5,7%, valor considerado dentro da normalidade para pessoas sem diabetes.
Além disso, os participantes que usaram tirzepatida tiveram maior perda de peso médio em comparação com a semaglutida — um dado relevante, já que controlar o peso também é parte fundamental do tratamento do DM tipo 2.
Embora o foco do público em geral esteja nos efeitos da tirzepatida sobre o peso, é importante destacar seu papel essencial no controle da glicose. É sempre importante lembrar que qualquer tratamento deve ser indicado e acompanhado por um médico especialista na área.
A Dra Mariana é médica especialista e titulada em Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Para agendar um horário e saber mais sobre seu atendimento entre em contato conosco.
Comments